Hoje uma criança parou do meu lado e brincando com uma vareta, me perguntou: “o que é o amor?”
Eu parei tentando buscar algo que pudesse explicar o que significava o amor…
Fiquei um tempo com a cabeça baixa e quando finalmente pensei que tinha achado a resposta olhei para o lado mas a criança já tinha ido embora…
Mas na terra, tinha um recado escrito com a vareta que dizia assim: “assim é o amor, se vc demora pra corresponder, ele simplesmente desaparace".
Bom final de semana!
Estávamos em guerra... Mas quem disse que eu queria lutar? Estava com medo, e isso me consumia. Foi a primeira vez que tive medo da morte, nunca havia pensado nisso antes, mas ao ver meus amigos mortos, caídos ao meu redor, os que antes eram lembranças de alegria e paz tornaram-se desolação, tristeza e horror. Podia ouvir os gritos, e não, acredite, eram os piores sons que meus ouvidos captaram... Eu tinha que sair dali, não importava, eu queria ver minha mãe, meu pai, a noiva que ficou sob promessa de casamento, queria ver o Juca, o menino da casa ao lado que pensava que eu era herói. Esse papo de herói, isso já era há muito tempo, entendia agora porque minha mãe sempre dizia: “Mas vale um covarde vivo, do que um herói morto”; e eu, que irônico, logo eu, que sempre critiquei esse pensamento, não pensava em quase nada além das coisas que me ligavam à vida. Lembrava das boas lembranças, dos risos, dos sorrisos, do aconchego familiar, dos beijos quentes de Lina... Distraia-me um pouco, mas a adrenalina correndo em minhas veias me fazia sentir que poderia ter um enfarto a qualquer momento. Ah! Vovó!!! Como eu queria estar com a senhora, mas, não aqui, não agora... E o vovô que sempre me ensinou dos mistérios da vida, a valorizar os bons momentos, a torna-los eternos, nunca serei metade do homem que meu avô é, ainda mais nessas condições... Tenho saudade de todos e acho que saudade é uma das provas de amor, espero que sintam o mesmo por mim, sei que sentem, acho. Nos filmes os heróis saem com vida, na realidade não é bem assim... Em meio aos meus pensamentos senti alguma coisa, estava com frio e num instante tudo ficou tão calmo... Tão silencioso... Tão escuro...
Às folhas tantas
do livro matemático
um Quociente apaixonou-se
um dia
doidamente
por uma Incógnita.
Olhou-a com seu olhar inumerável
e viu-a do ápice à base
uma figura ímpar;
olhos rombóides, boca trapezóide,
corpo retangular, seios esferóides.
Fez de sua uma vida
paralela à dela
até que se encontraram
no infinito.
"Quem és tu?", indagou ele
em ânsia radical.
"Sou a soma do quadrado dos catetos.
Mas pode me chamar de Hipotenusa."
E de falarem descobriram que eram
(o que em aritmética corresponde
a almas irmãs)
primos entre si.
E assim se amaram
ao quadrado da velocidade da luz
numa sexta potenciação
traçando
ao sabor do momento
e da paixão
retas, curvas, círculos e linhas sinoidais
nos jardins da quarta dimensão.
Escandalizaram os ortodoxos das fórmulas euclidiana
e os exegetas do Universo Finito.
Romperam convenções newtonianas e pitagóricas.
E enfim resolveram se casar
constituir um lar,
mais que um lar,
um perpendicular.
Convidaram para padrinhos
o Poliedro e a Bissetriz.
E fizeram planos, equações e diagramas para o futuro
sonhando com uma felicidade
integral e diferencial.
E se casaram e tiveram uma secante e três cones
muito engraçadinhos.
E foram felizes
até aquele dia
em que tudo vira afinal
monotonia.
Foi então que surgiu
O Máximo Divisor Comum
freqüentador de círculos concêntricos,
viciosos.
Ofereceu-lhe, a ela,
uma grandeza absoluta
e reduziu-a a um denominador comum.
Ele, Quociente, percebeu
que com ela não formava mais um todo,
uma unidade.
Era o triângulo,
tanto chamado amoroso.
Desse problema ela era uma fração,
a mais ordinária.
Mas foi então que Einstein descobriu a Relatividade
e tudo que era espúrio passou a ser
moralidade
como aliás em qualquer
sociedade.
*Millôr Fernandes
Por um acaso do destino, um velho e sábio professor e um jovem e estulto aluno se encontraram dividindo bancos gêmeos num ônibus interestadual. O estulto aluno, já conhecido do sábio professor exatamente por sua estultície, logo cansou o mestre com seu matraquear ininterrupto e sem sentido. O professor aguentou o quando pôde a conversa insossa e descabida. Afinal, cansado, arranjou, na sua cachola sábia, uma maneira de desativar o papo inútil do aluno. Sugeriu:
- Vamos fazer um jogo que sempre proponho nestas minhas viagens. Faz o tempo passar bem mais depressa. Você me faz uma pergunta qualquer. Se eu não souber responder, perco cem pratas. Depois eu lhe faço uma pergunta. Se você não souber responder, perde cem.
- Ah, mas isso é injusto! Não posso jogar esse jogo – disse o aluno, provando que não era tão tolo quanto aparentava -, eu vou perder muito dinheiro! O senhor sabe infinitamente mais do que eu. Só posso jogar com a seguinte combinação: quando eu acertar, ganho cem pratas. Quando o senhor acertar, ganha só vinte.
- Está bem – concordou o professor – pode começar.
- Me diz, professor – perguntou o aluno , o que é que tem cabeça de cavalo, seis patas de elefante e rabo de pau?
O professor, sem sequer pensar, respondeu:
- Não sei; nem posso saber! Isso não existe.
- O senhor não disse se devia existir ou não. O fato é que o senhor não sabe o que é – argumentou o aluno – e, portanto, me deve cem pratas.
- Tá bem, eu pago as cem pratas – concordou o professor pagando -, mas agora é minha vez. Me diz aí: o que é que tem cabeça de cavalo, seis patas de elefante e rabo de pau?
- Não sei – respondeu o aluno. E, sem maior discussão, pagou vinte pratas ao professor.
Moral: A sabedoria, nos dias de hoje, está valendo 20% da esperteza.
*Mestre Millôr
Além da graduação, fiz um Mestrado. Só não fiz doutorado porque acho o título de mestre muito mais legal que o de doutor.
O Mestre tem súditos, já o Doutor tem pacientes: um catarrento, outro leproso...
A prova que mestre é mais legal é que as grandes figuras são mestres. O Yoda é mestre Yoda, não doutor Yoda. Mestre Splinter, Mestre dos Magos... tudo mestre. Quem é doutor? Doutor Hollywood. Pfff... Doutor Dolittle. Não sei vocês, mas eu acho muito melhor ter poderes do que falar com uma arara!
O título de mestre tinha que vir depois do de doutor. Ou então vem primeiro mestre e depois algo mais imponente, sei lá... Senhor Imperador do Universo Triunfal Pirocudo.
Ou algo mais forte ainda: Brad Pitt! Brad Pitt é foda! Eu queria ter o título de Brad Pitt:
-- Oi, você faz o quê?
-- Sou Brad Pitt em economia!
Mestreee hueuehuehuehehue